terça-feira, 29 de novembro de 2011

Pobreza e maior insegurança caminham juntas


http://www.google.com.br/imgres?q=pobreza+e+criminalidade&um=1&hl=pt-BR&biw=1024&bih=1151&tbm=isch&tbnid=abND8ATIdXRa_M:&imgrefurl=http://demografiabiblica.blogspot.com/2009/04/consequencia-criminalidade.html&docid=yYjb_hywyazGaM&imgurl=https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicpmsNKpO2topnxR9tq2sT3v8I9FWyzJIYOOrOC0rb3dn9Cd7bYYsAQIXx8bKqY_oCrWgv1asqYKbvtmctqkXA8CDszsuKmFrO6u0G_-WB0CcqTmHcyHIh79eApVMbQvVK5OHKN9j0qFy7/s320/Favelas.jpg&w=320&h=226&ei=ZiefToylKvTMsQK8poGACg&zoom=1&iact=hc&vpx=447&vpy=857&dur=978&hovh=180&hovw=256&tx=137&ty=140&sig=115536344854971078621&page=2&tbnh=143&tbnw=191&start=27&ndsp=26&ved=1t:429,r:23,s:27Pesquisa realizada pelo IBGE em 2009 constatou que 21,4% dos brasileiros declararam sentirem-se inseguros no domicílio em que vivem (Características da vitimização e do acesso à justiça no Brasil). Contudo, a classe econômica do cidadão influenciou em todos os índices!


Aproximadamente 60% dos domicílios pesquisados tinham algum dispositivo de segurança, sendo o mais usado a grade na janela/porta (35,7%), sobretudo nas casas (35,6%). Nos apartamentos predominaram os dispositivos na porta (olho mágico, correntes e/ou interfone), que alcançaram 73,9% dos casos.

Dos 58,6 milhões de domicílios particulares pesquisados, quase 60% usavam ao menos um dispositivo como câmera de vídeo, segurança privada, cancela, cerca eletrificada, etc. Em 9,4% deles havia cachorros para aumentar a segurança.

Estes dispositivos de segurança se mostraram presentes em 64,9% dos domicílios urbanos e em 28,5% dos domicílios rurais. Do total de domicílios, 89,2% eram casas e 10,4% eram apartamentos, sendo que 90,3% dos apartamentos tinham algum dispositivo de segurança, enquanto que nas casas o total foi de 55,9%.

Com exceção do cachorro, os porcentuais de existência de dispositivos de segurança cresceram com o aumento da faixa de renda mensal, já que analisando-se os domicílios por rendimento mensal per capita, os dispositivos de segurança apareceram em 35,2% dos domicílios com menos de ¼ de salário mínimo ao mês contra 82,6% daqueles com dois ou mais salários mínimos.

Observa-se, portanto, que a sensação de segurança que o brasileiro tem em sua residência se relaciona sobretudo com sua classe econômica e com os recursos de segurança privados que possui em sua casa e não com a segurança garantida pelo Estado.

Isso comprova também porque os negros (23,3%), pardos (22,3%) e habitantes da Região Norte do país (28,4%) são os que se sentem mais inseguros onde moram.

A triste constatação é a de um círculo vicioso: o pobre, abandonado pelo Estado classista (e racista), com menos condições de dispor de dispositivos de segurança, tende a ser mais facilmente vítima de violência, dada a vulnerabilidade de onde vive. Mais vulnerável e propenso ao aprisionamento que o rico. Este, por sua vez, também se enjaula, mas se vale de seus dispositivos de segurança particulares.

Assim, o clima do medo e da insegurança se instala e se perpetua no país.

Amenizar esta situação é possível, mas só com sérias políticas públicas voltadas para o suprimento de necessidades e direitos básicos da população. Enquanto a causa (miséria) não debelada, não se pode esperar efeitos positivos. Também no âmbito da segurança a desigualdade é patente. No Brasil convivemos com isso há 500 anos. A desigualdade não nos gera indignação. Reproduzimos, desde 1500, os mesmos discursos discriminatórios, para justificar as distâncias de classe. O Estado não cumpre seu papel protetivo a contento. Cada um cuida então da sua segurança, de forma totalmente desigual. O mundo ocidental já não luta com risco de vida em favor de Deus, da Pátria ou da Revolução (Luc Ferry). No Brasil não lutamos nem em favor deles nem em favor de coisas estruturais como é a brutal e violenta desigualdade socioeconômica. Quem planta violência estrutural colhe violência urbana e rural.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Uso dos porquês

1) Porquê (junto e com acento) é usado quando for sinônimo de motivo, causa, indagação. Por ser substantivo, admite artigo e pode ir ao
plural:

Os considerandos são os porquês de um decreto.
O Relator explicou o porquê de cada emenda.
Qual é o porquê desta vez?

2) Por quê (separado e com acento) é usado quando a expressão aparecer em final de frase, ou sozinha:

Brigou de novo, por quê?
Brigou de novo? Por quê?
Ria, ria sem saber por quê.

3) Porque (junto e sem acento) é usado nos seguintes casos:

a. Para introduzir explicação, causa, motivo, podendo ser substituído por conjunções causais como pois, porquanto, visto que:

Traga agasalho, porque vai fazer frio.(conjunção coordenativa explicativa = pois)
A reunião foi adiada porque faltou energia.(conjunção subordinativa causal = pois)
Porque ainda é cedo, proponho esperarmos um pouco mais. (conjunção subordinativa causal = como)

b. Nas frases interrogativas a que se responde com “sim” ou “não”:

Ele não votou o projeto porque estava de licença?
Essa medida provisória está na pauta de votação porque é urgente?
Na realidade, a conjunção “porque” continua sendo subordinativa adverbial causal. A diferença é que na própria pergunta já se dá a causa (oração subordinada adverbial causal).

c. Como conjunção de finalidade (= para que), levando o verbo para o subjuntivo. Esta construção é arcaica, mas vez por outra tem sido encontrada:

Rezo porque tudo corra bem.
Não expressou sua opinião porque não desanimasse os colegas.

Contemporaneamente, para exprimir finalidade, objetivo, prefere-se usar para que em lugar de porque: Rezo para que tudo corra bem.

4) Por que (separado e sem acento) é usado nos seguintes casos:

a. nas interrogativas diretas e indiretas:
Por que você demorou tanto? (interrogativa direta)
Quero saber por que meu dinheiro está valendo menos. (interrogativa indireta)

b. sempre que se puder inserir as palavras motivo, razão:

Não sei por que ele se ofendeu. (Não sei por que motivo ele se ofendeu.)
O funcionário explicou por que havia faltado. (O funcionário explicou por que motivo havia faltado.)

c. quando a expressão puder ser substituída por pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais, confirma-se que há pronome relativo “que” antecedido da preposição “por”:

A estrada por que passamos está em péssimo estado de conservação.
(A estrada pela qual passamos está em péssimo estado de conservação.)
Esse é o motivo por que a reunião foi adiada.
(Esse é o motivo pelo qual a reunião foi adiada.)

d. quando “que” for conjunção integrante iniciando oração subordinada substantiva objetiva indireta ou completiva nominal, com imposição da preposição “por” pelo verbo ou nome, respectivamente:

Torcemos por que tudo se resolva logo. (= torcemos por isso)
O Relator estava ansioso por que começasse a votação. (= ansioso por isso)

Não se pode confundir este último caso com o uso da conjunção de finalidade (conforme acima - nº 3, letra c). Veja a diferença:

Não expressou sua opinião porque não desanimasse os colegas.
Note que o nome opinião, anterior à conjunção, não exigiu a preposição por. Além disso, percebe-se a intenção, a finalidade de não expressar sua opinião: para que não desanimasse os colegas.
O Relator estava ansioso por que começasse a votação.

Aqui, o nome ansioso exige a preposição por, razão pela qual deve ser separada do que.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Metade dos brasileiros sente-se insegura


De acordo com pesquisa realizada pelo IBGE no ano de 2009, 47,2% dos brasileiros não se sentem seguros na cidade em que moram. Do total de entrevistados, 32,9% disseram não se sentirem seguros no bairro em que vivem.

As mulheres declararam se sentir mais inseguras (49,5%) do que os homens (44,8%), enquanto os moradores da área urbana (50,3%), obviamente, se mostraram mais inseguros dos que os da área rural (30,7%).

No tocante à faixa etária, quanto mais velho o cidadão, maior a sensação de insegurança (de 18,6% para os que têm de 10 a 15 anos para 23,1% referente aos de 70 anos ou mais).

Em relação à raça e cor, a sensação de insegurança na sua cidade é maior entre os negros (51,1%) e pardos (47,1%) do que entre os brancos (46,7%).

Já no que toca às regiões do país, a Região Norte foi a que apresentou maior índice de insegurança dos cidadãos em suas cidades (51,2%), enquanto a Região Sul foi a que apresentou o menor (39,5%).

Esses números guardam sintonia com a pesquisa realizada pelo Latinobarómetro sobre a sensação dos cidadãos em relação à segurança de seu bairro. A opinião de 42,6% dos brasileiros foi a de que seu bairro é inseguro.

E o macro absorve o micro. Se em cada cidade e bairro o cidadão se sente inseguro, não é de se espantar que se sinta assim em seu país como um todo. Pesquisa realizada pelo Latinobarómetro mostra que 55% dos brasileiros afirmaram que seu país é a cada dia mais inseguro.

Todas essas sensações não são infundadas, já que o país é o sexto mais violento do mundo, com 26 mortes para cada 100 mil pessoas, ao ano, ficando atrás apenas El Salvador, Colômbia, Venezuela, Guatemala e Ilhas Virgens – EUA.

O Brasil vive diariamente sob o clima de guerra civil, uma cultura de violência que cada vez mais a atrai e a única forma de combatê-la será por meio de políticas públicas que materializem à população (sobretudo aos mais marginalizados, e como se viu mais inseguros: negros, pobres, mulheres, nortistas, etc.) seus direitos constitucionais: à saúde, à educação, à alimentação e, principalmente, a uma vida digna.

Enquanto não for removida a causa, não se pode esperar que cessam os efeitos. O mais terrível é que a insegurança e o medo são combustíveis que alimentam o populismo penal, visto que a população, sem ter noção exata sobre a solução do problema, acaba por pedir mais leis penais, ou seja, leis penais mais duras. Esse discurso emocionado e vingativo é usurpado pelos políticos e comercialmente explorado pela mídia, que influencia a atividade do legislador. Este, sentindo-se pressionado, acaba por produzir mais leis e o problema continua, porque as leis não são cumpridas. A guerra, com isso, continua!


Mariana Cury Bunduky

sábado, 12 de novembro de 2011

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Pará tem maior sensação de insegurança

Este foi o resultado da pesquisa Características da Vitimização e do Acesso à Justiça no Brasil realizada pelo IBGE no ano de 2009. O levantamento verificou a sensação de segurança dos brasileiros, levando em conta a sua cidade, o seu bairro e o seu domicílio.

A Região Norte foi a que se mostrou mais insegura:apenas 48,2% dos habitantes maiores de 10 anos de idadese sentem seguros no domicílio em que vivem.

O estado que apresentou o pior índice foi o Pará, já queapenas 36,9% de seus moradores maiores de 10 anos considera segura sua residência.

Já o estado que apresentou o melhor índice foi Santa Catarina, com 68,3% de sensação de segurança entre seus moradores maiores de 10 anos. A Região Sul, como um todo, foi a que se considerou mais segura, visto que seu índice de segurança atingiu 60,5%. O Centro-Oeste vem em seguida, com 54,3%.

Curiosamente, as Regiões Sudeste e Nordeste praticamente empataram, sendo que o Sudeste chegou a 51,6% e o Nordeste, 51,3% de sensação de segurança. Minas Gerais, com 59,9% foi o que se mostrou mais seguro em todo o Sudeste, enquanto que o Piauí, com 65,6% foi o que melhor se mostrou no Nordeste.

No estado de São Paulo, 51,1% dos cidadãos disseram se sentir seguros em sua casa, enquanto que no Rio de Janeiro, o total foi de 42,3%.

A sensação de insegurança não quer dizer necessariamente que um local é mais perigoso do que outro, mas mostra a forma como o cidadão vê seu lar, seu bairro e sua cidade, bem como a maneira que o Estado propicia segurança para seus cidadãos.

No país como um todo, o total foi de 52,8% de segurança. Dessa forma, quase metade da população, ou melhor, cerca de77 milhões de pessoas (acima de dez anos) não se sentem seguras no local em que vivem.

Sentimento também constatado na pesquisa realizada pelo Latinobarómetro, que analisa a opinião pública da população latino-americana, vez que 55% dos brasileiros disseram sentir-se cada vez mais inseguros em seu país a cada dia.

A sensação de insegurança também é verificada em cada estado da Federação, já que metade ou mais dos habitantes se sentem inseguros em casa, no seu lar, no local que deveria lhes trazer paz, conforto e segurança.

Assim, o problema da segurança pública se mostra linear e atinge de maneira semelhante todos os estados do Brasil; é estrutural, não apenas regionalizado ou pontual, e só poderá ser amenizado com políticas públicas sérias e eficientes, individualizadas de acordo com as necessidades e peculiaridades de cada estado.

O triste é saber que essa insegurança generalizada acaba gerando medo e demandas públicas por mais leis penais, por mais rigor penal. As leis são editadas aos montes sem baixar absolutamente nada os índices da criminalidade. Elas iludem a população e dessa forma as causas do problema não são atacadas.

Mariana Cury Bunduky

sexta-feira, 4 de novembro de 2011